domingo, 13 de dezembro de 2015

Pai Natal e o meu Natal

Dia 24 vem o Pai Natal, mas para alguns só chega dia 25.

No entanto, sentado em qualquer esquina existe um Pai Natal a receber crianças, ou a beber coca cola no nosso televisor.



São tantos Pais Natal que até a minha filha já nem lhes liga. Uns são mais gordos, outros mais velhos, uns têm óculos, outros não… São tantos que hoje ao perguntar-lhe: "Sarah queres ir ver o Pai Natal?… " E ela olhou para ele, quase sem reação e disse: "Não!" - e virou a cara para o lado como se nada fosse. Ela não lhe ligou nenhuma.

Ela só liga ao que vem no dia 24. Só liga àquele que ela não pode ver, (pois ela tem que se esconder que ele não quer que ninguém o veja), que traz prendas e que vem daquela estrela que ela aponta todas as noites enquanto diz: "Olha a estrela do Pai Natal …pai"! Talvez porque lhes trás prendas sim é certo, mas acredito que é também pela magia, pelo momento (que perceba ela ou não) é criado pelos pais com muito carinho, e que é a mais real prenda que lhe podemos dar. A presença dessa magia.

E é nesse momento que penso na espiritualidade do Natal. Um certo Natal, decorria o ano de 2003, deu-me um espírito natalício diferente e raro. E no meio da minha, (e confesso que recorrente na altura), bancarrota durante a altura do Natal (típica de vida de artista que se trabalha de verão), tive um rasgo de  iluminação e fiz o inesperado. Nesse Natal iria presentar a minha família com postais. Um postal cada um. Mas, não se pense que seria apenas um postal de natal com qualquer dizer. Não! Seria um postal que teria as palavras que eu nunca tinha dito antes a cada um deles.

Teria (e teve) palavras verdadeiras que antes nunca tinha dito, mas que certamente teriam o seu valor pois eu iria colocar numa caneta para cada um deles, algo que gostaria de lhes dizer que ainda não tinha dito. Não lembro exatamente do que disse ao meu primo, mas lembro-me que foi daqueles que mais dificuldade teve em esconder a emoção.

E no meio dessa iluminação, fico contente que tenha dito à única pessoa que já não partilha o Natal connosco há alguns anos, a minha Avó, que agradecia muito tudo o que fazia por mim. Curiosamente, são as palavras que mais recordo desses 7 postais que fiz nesse ano. Talvez porque ela fazia e fez mesmo muito por mim, ou porque realmente eu sentia que essas palavras teriam que ser ditas antes de um dia não ter mais essa oportunidade, mas o que é certo é que as lembro, com satisfação!

No entanto, podiam ser apenas uns postais com uns dizeres, mas não. Foram os postais mais sinceros e fiz questão de quando os escrevi, de colocar algo de valor, algo de real, algo com um sentimento que tornasse aquele Natal uma comunhão de sentimentos em vez de prendas como sempre.

A minha família nunca foi muito de expressar sentimentos uns pelos outros e este tipo de palavras não saem propriamente da nossa boca, e é por isso que o que fiz foi tão real e verdadeiro. Foi verdadeiramente do fundo do meu coração.

E assim é esta mensagem. Este blog, (espiritualidade real) pretende mostrar com o tempo, que ser espiritual não é recitar o Buda. Ser Espiritual é fazer o mais corajoso, é dizer o que custa dizer, seja a dura verdade ou a bonita. Ser Espiritual é partilhar algo real, às pessoas mais perto. Não ao clube de Reiki e a outras pessoas espirituais. Faz o difícil e o que te custa e ajuda a quem partilha o mesmo tecto que tu durante mais tempo. É esse o caminho mais real para ajudares o mundo. Começa pela tua casa.

E por isso, como mensagem de Natal deixo-vos esta partilha. Porque é real, porque foi real, e porque há que lembrar o mundo inteiro que o símbolo do Natal nada tem a ver com aquele velhote com barba falsa, farto de levar com crianças no colo no centro comercial mais perto da vossa casa. A minha filha sabe. Eu sabia em 2003 e lembrei-me novamente.



Lembrem-se também, e sejam corajosos de oferecer algo que o dinheiro não possa comprar. Não me lembro o que ofereci à minha família nestes anos todos, mas sou capaz de jurar que entre perfumes e vales de compras à minha mãe, e vinho e gravatas ao meu tio, pouca variedade deve ter havido, excepto naquele ano, em que disse as palavras que antes nunca haveria dito em postais de 0.50€ mas que me enchem o coração de me lembrar do que fiz nesse ano…why? Porque foi verdadeiro e como tal muito Real!

Bom Natal
Bem haja,
Pedro Frias

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