sábado, 26 de dezembro de 2015

A espiritualidade e os putos!

Ser espiritual é sinónimo de práticas que visam acalmar corpo e mente. Muitas delas inspiradas e originárias na religião budista, o silêncio, a calma, as velas e os incensos são algumas das suas principais caraterísticas. Daí, que existe à partida um paralelismo entre o querer ser espiritual, vestir um manto branco e passar a meditar nos primeiros 30 minutos do dia e o ter uma vida, que devido a compromissos profissionais ou circunstâncias familiares não o torna possível.

Assim sendo, será o "ser espiritual" com tudo o que diz respeito a práticas incluído, algo que está ao acesso a apenas aos que conseguem ter espaço na sua agenda para incluir essas práticas?

Neste momento da minha vida, eu tenho 2 filhos. Uma filha com 4 anos, a Sarah e um filho com 1 ano, o Miguel. Agora imaginem que, se eu quiser acordar com uma meditação e acendendo um incenso, o mais provável é que até às 7:00h ou a Sarah ou o Miguel, já tenha feito a sua rotina espiritual de acordar os pais, da forma menos calma possível. Só aí, vai-se logo qualquer intenção de transformar o "reino dos sonos" num acordar angélico. Já para não falar nas vezes que se vai acordando durante a noite, com choro do mais pequeno ou com uma ida à casa de banho da mais velha.

"Ok mas…!" -  pensam aqueles que não fazem a mais pequena ideia do que estou a falar - "Mas não podes depois de acordar meditar ou encontrar um sítio para o fazer?"

Sim posso, mas é preciso incluir toda a agitação que envolve o dar o pequeno almoço às crianças, dar-lhes banho, vestir e quando esse processo termina, é altura de os pais se alimentarem, e de começar a pensar em preparar o almoço para as crianças enquanto tentamos controlar o caos que se encontra a casa devido ao divertimento das crianças.


Depois incluímos o sobressalto do aparente (e possível) acidente ou potencial asneira que pode por em risco a segurança das crianças. Agora que penso nisso, é incrível como nos habituamos a viver tranquilos com o facto de que a qualquer momento, (por distração ou às vezes nem por isso), qualquer uma das crianças pode fazer uma asneira que pode ter consequências que podem ir desde ao fim de uma televisão a uma queda mais aparatosa. Logo o normal estar em constante agitação e a simples ideia de parar para meditar pode parecer completamente disparatada.

Resumindo, como dar a volta a isto? Ah e tal, Merkavá, Reiki, incensos e meditação? Será que os que têm essa vida tão Zen, conseguem-no fazer com a paternidade ao volante de todas as rotinas diárias?


Conseguem imaginar, o pedir pela pápa cerelac, o choro, as fraldas e isto tudo, combinar com silêncio, o icenso e tudo mais? É exactamente o oposto em certa parte. É exactamente o oposto na parte prática porque na parte fundamental há muito mais que à primeira vista se pode ver.

Solução existe? Sim, mas provavelmente a prática que existe, que os "espirituais" que nós vemos dizendo palavras estrangeiras tipo "NAMASTE", não serve a esta realidade, muito menos de pais atarefados entre o trabalho e os filhos pequenos.

Serve sim a esta realidade é o que estou a fazer agora.

Que é olhando a eles os dois, centrando a minha atenção no presente e não na meditação que farei ou que poderia ter feito, e sentir a alegria e com isso elevar o meu ser. Sentir que todas as coisas têm uma maneira positiva e negativa de as ver. Tudo tem branco e preto no seu composto. Do branco retiramos inspiração e nos elevamos. Basta olhar as fotos deles para perceber que a luz está neles e em nós mas
com eles, e não retirando-os da equação! O resto? O resto são as características que nos fazem humanos.

Ser espiritual não é ter a cabeça zen porque nos afastamos de todas as situações que nos retirem a paz e o estado ZEN! Ser espiritual é encontrar o estado ZEN no meio da confusão que é criar 2 filhos enquanto tentamos apenas viver!


Bem hajam,
Pedro Frias.

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